A Linha do Tempo : as
descobertas fundamentais
do Cérebro
como Sede da Mente; da Bioeletricidade e EEG
; da micorscopica Estrutura do Sistema Nervoso e Doutrina Neuranal; da
Localização das Funções Cerebrais e da
Neuroimagem.
1) Cérebro como Sede da Mente:
Ø 8.000 AC: Trepanações em crânios
sugeriam que os povos da antiguidade, observando alterações comportamentais em
acidentados no crânio, realizaram referidas trepanações para retiradas de maus espíritos.
Ø 1.600 AC: Prova documental(Papiro
Cirúrgico de Edwin Smith), escrito
pelos egípcios que descrevia 30 casos clínicos em que eram associados lesões
cerebrais e medulares a alterações neurológicas e comportamentais.
Ø 460-370 AC: Hipócrates descreveu a
Epilepsia como distúrbio cerebral e, provavelmente, por observações em danos no
cérebro, afirmou que este estaria relacionando com emoção, comportamento e
inteligência.
Ø 380-320 AC: Aristóteles divergiu dos
filósofos contemporâneos, dizendo que no coração estaria a mente e os
ventrículos cerebrais e eu estes seriam responsáveis pela refrigeração e
manutenção da temperatura do corpo.
Ø 177 DC: Galeno descreveu os vasos
cerebrais, dizendo que por eles, circularia o fluido da vida.
Ø 1543 DC: Andréas Vesalius derrubou
a teoria que os ventrículos cerebrais estariam as capacidades intelectuais já
que animais, como o asno, possuíam-no e não tinham intelecto.
Ø 1649 DC: Descartes escreveu que, a
glândula pineal , por ser ímpar, exerceria o papel da atividade anímica e do
pensamento.
Ø De 1650 a 1862 DC:
Vários profissionais interdisciplinares contribuíram para a concepção do
cérebro como Sede da Mente e outras funções, como: em 1664, Willis
descreveu as artérias da base do crâneo /// 1709: Mitischewlli
(decussação piramidal) /// 1832: Flourens (cérebro regulando atividade
motora) /// 1854: Gratiolet (circunvoluções cerebrais) /// 1862:
Broca (1ª circunvolução frontal esquerda é importante para expressar a fala).
Ø De 1862 até atualidade:
Somatório de vários trabalhos interdisciplinares comprovam que o cérebro é a
sede das atividades cognitivas e vegetativas.
2) A Bioletricidade: No Sistema
Nervoso há transmissão elétrica e o cérebro é elétrico (EEG).
Ø 1664, de acordo com Descartes,
no livro “Trate de l`Homme”, por influência da Física e nos modelos de
hidráulica, comparado ao funcionamento das fontes do Jardim de Versailles,
escreveu, resumidamente que os nervos conduziriam um estímulo ao cérebro
através de propulsão de fluido no interior do nervo oco e que o cérebro,
bombearia este fluido, inflando os músculos e levando-os a contração. Referido
pensamento é colocado em prática até hoje na robótica, como é possível ver, nos
documentários de bastidores de filmes com efeito especiais de movimentação de
animais, que referidos movimentos são, em grande parte feitos por mecanismos
hidráulicos.
Ø Em 1791, Galvani
comprovaria que corrente elétrica liberada por gerador eletrostático rotatório
causava contração na perna de um sapo e outros animais também, quando a carga
era aplicada no nervo ou no próprio músculo. E, praticamente comprovou a existência
de “bioeletricidade” ao encostar nervo de um sapo a músculo de outro,
provocando contração. Ou seja, os nervos não eram tubos d´água e hidráulicos ,
como pensava Descartes, mas sim, condutores elétricos. Os trabalhos de Galvani
também foram corroborados por Volta, iniciando assim uma nova era na
Neurociências: a condução elétrica nervosa.
Ø Em 1848, Du
Bois-Reymond, comprovou a existência de corrente de ação no nervo de sapo,
usando o galvanômetro, verificando e detectando variação negativa do potencial
elétrico, quando a estimulação nervosa
contraía o músculo do sapo. Posteriormente, em 1870, Bernstein, através
de trabalhos, propôs que membranas de células apresentavam condução elétrica,
tem polarização em repouso, com a parte exterior mais positiva que a interior e
que para que haja condução elétrica nervosa, tem que existir despolarização ou
seja, inversão da carga elétrica, feito este comprovado , em 1940, por Gasser e Erlanger, que
usaram medidor elétrico mais aperfeiçoado (osciloscópio de raio catódicos).
Antes, em 1921, Otto Loewi, já conhecendo a sinapse, comprovou
que existia também transmissão química de uma sinapse a outra e de uma sinapse
a um músculo, quando perfundiu um coração de sapo, com lavado fisiológico de
outro coração estimulado e obteve contração do coração que não fora estimulado,
por transmissão neurohumoral, como Loewei a chamou.
1929- Hans Berger
descobre o Eletroencefalograma que é uma técnica de exame cerebral usada de que
o cérebro gerava uma atividade elétrica capaz de ser registrada.
É realizado, colocando-se eletrodos na
pele da cabeça do paciente que são conectados à um poderoso amplificador de
corrente elétrica. Esse amplificador aumenta a amplitude do sinal elétrico
gerado pelo cérebro milhares de vezes e, através de um dispositivo chamado
galvanômetro, sendo que há oscilações
para mais ou para menos dessa corrente elétrica e que são desenhadas numa tira
de papel sob a forma de ondas.
Acoplados através de softwares próprios
, o EEG evoluiu para mapeamentos
cerebrais coloridos ou EEG Quantitativo., em contra-partida da avaliação
qualitativa da eletroencefalografia tradicional.
O mapeamento cerebral colorido gerado pelos computadores e pelas impressoras
coloridas avalia a quantidade da atividade elétrica de uma determinada região
através das diversas tonalidades de cor. Nesse método as cores roxa e preta
representam baixa amplitude das ondas elétricas, enquanto o vermelho e o
amarelo podem representar amplitudes maiores.
O EEG Quantitativo proporciona uma avaliação mais precisa da atividade
cerebral, sendo que indicações do EEG Quantitativo é a localização precisa de
tumores cerebrais, bem como de doenças focais do cérebro, incluindo entre elas
a epilepsia, as alterações vasculares e derrames e em Psiquiatria, o EEG Quantitativo
tem sido usado para estabelecer diferenças entre vários diagnósticos, tais como
a hiperatividade e os distúrbios da atenção em crianças, as demências senis ou
não, a atrofia cerebral, a esquizofrenia, e até alguns casos de depressão.
3. A Estrutura
do Sistema Nervoso do Macroscópico ao Microscópico.
Vimos
anteriormente, as descobertas do Cérebro como Sede da Mente, a Bioletricidade e
o Eletrocenfatograma, porém, neste intervalo e também de modo cronologicamente
coincidente, existiu a comprovação de como, estrutural e microscopicamente, o
Sistema Nervoso seria composto.
Ø Em decorrência do
aperfeiçoamento do microcópico simples de Leeuuwenhoek e Hooke, para os de
lente compostos, aliado aos métodos de
coloração para células nervosas por Ramon y Cajál e Golgi, próximo ao final de 1800,
foi estudada a organização do Sistema Nervoso e, em conseqüências, estabelecida
a Doutrina Neuronal.
Ø 1891: Waldejen designou a unidade
funcional do Sistema Nervoso como “neurônio”. E Shehhington observou conexões
hiatais ou espaços que interligavam os neurônios, como uma fenda, a “sinapse”.
Ø Com a aglutinação de
técnicos de coloração, estudo do neurônio e formas de apresentação e
estruturação (soma, dentritos, axônio e arbonização), aliado ao conhecimento de
bioletiricade, foi estabelecida a Doutrina Neuronal (associação entre estrutura
e função), que diz:
a)
o
neurônio é a unidade estrutural e funcional do Sistema Nervoso;
b)
O
neurônio apresenta 3 partes: dendrito, corpo celular ou soma e axônio, sendo
que o axônio tem arbonização terminal que comunica-se com dendritos ou corpo
celular de outro neurônio.
c)
A
condução elétrica, com fenômenos de despolarização/repolarização, segue em
direção dos dendritos ao corpo celular e deste para o axônio e terminações, que
continuam até outros dendritos ou corpo celular de outro neurônio e assim ,
sucessivamente.
d)
Neurônio
são individuais e não se continuam com outros neurônios, mas que se comunicam
entre eles , através de liberação de substâncias nas sinapses.
4. AS FUNÇÕES CEREBRAIS
E LOCALIZAÇÕES
(localizacionismo cerebral)
Com todos os
conhecimentos descritos, um tema apaixonante começou a interessar o universo
das Neurociências, por volta de 1790:
- Onde estariam
localizados no Cérebro as diversas funções cognitivas e vegetativas?
Ø Em 1790 – Gall propôs
que diferentes funções estariam localizadas em diferentes locais cerebrais e
que, o uso maior ou nada das atividades cognitivas ou virtuosas de um homem, se
refletiriam na forma externa do crânio.
Em conseqüência, se fosse estudada a
forma externa do crânio, o interno seria revelado. Surgia então, a Frenologia (estudo da mente) e outras
ramificações, como a cranilogia, psicognomia e fisiognomia, com o mapeamento
frenológico de 37 faculdades mentais e morais que tinham projeção na superfície
exterior do crânio (proeminências, depressões, forma, etc), sem embasamento
científico, porém mobilizaram os neurocientistas a pesquisarem o binômio
função - localização cerebral.
Ø Uma das principais
descobertas neste assunto, foi feito por Broca 1860-1870, que, ao
estudar um paciente afásico, observou que referido doente tinha uma região da
córtex anterior cerebral, destruída por neurossífilis, tornando-se essa região
conhecida como Área de Broca, sendo responsável pelo controle da fala.
Ø O localizacionismo cerebral
era então realizado pelas seguintes técnicas e respectivos efeitos:
a)
exérese
cirúrgica seletiva de cérebro de animais;
b)
estimulação
elétrica em área cerebrais seletivas;
c)
estudo
anatomopatológico em cérebro de pacientes portador es de distúrbios
neuropsiquiáticos com respectivos correlacionamentos estruturais.
Ø 1825 – Flourens, detectou que
remoção de cerebelo em animais, comprometia o equilíbrio; que a
destruição do tronco cerebral, levaria à morte e que a remoção de hemisférios, comprometiam a
percepção e julgamento. Deste modo, os hemisférios regulariam as funções
superiores; o cerebelo relacionacionaria-se com equilíbrio e tronco cerebral
com as funções vegetativas.
Ø 1848 – o ferroviário Phineas
Garge, teve, acidentalmente, uma barra de ferro de 1m x 2,5cm, transfixante no
crânio e que afetou as regiões ventromediais dos lobos frontais. Garge não
morreu pelo acidente, porém tornou-se anti-social, com irritabilidade no
trabalho e instabilidade do humor,
caracterizando assim que referidas regiões eram responsáveis pela emoção e
funções mentais de relacionamento.
Ø A partir de 1900 – O localizacionismo
cerebral alcançou o ápice, quando Horley, iniciou os trabalhos com a cirurgia
estereotáxica, partindo do pressuposto que a cada doença neurológica e psíquica
deveria corresponder a um alteração cerebral e corroborada por Spiegel e
Leksell, já que o aparelho estereotáxico é fixado em ponto predeterminados e
pode ser então, realizados cirurgias e experimentos em áreas bem determinado
tridimensionalmente no cérebro, através de fina cânula.
Ø Porém, os maiores e mais
precisos dados sobre localizacionismo cerebral vieram com os técnicos de
neuroimagem, que podem ser sintetizados no documentos abaixo e que tinham como
premissa, as idéias anteriores que a cada distúrbio neurológico, deveria
corresponder uma lesão cerebral e, mais ainda, pela tecnologia PET e SPECT,
poderia ser estudado também, a(s) área(s) cerebral(is) relacionadas com
determinada função. Assim, se uma pessoa estivesse falando , a área cerebral,
em tonalidade vermelha (ou seja de alta atividade), seria a Área de Broca e assim sucessivamente
Linha do tempo das neuroimagens e alguns
comentários
MÉTODO
|
SINÔNIMOS |
PRINCÍPIOS |
OBJETIVOS |
VANTAGENS |
DESVANTAGENS |
|
1972-Hounsfield desenvolve a TC (Tomografia
computadorizada) T= tomografia (estudo em cortes) C= computadorizada (uso de computadores e
software para finalizar imagens) |
TCA ou CT (inglês) |
- Feixe de RX
direcionado a uma área de um órgão e que é avaliada através da atenuação |
Visualização de
estruturas com maior definição que as imagens por RX simples, porém não
informa sobre funcionalidade ou metabolismo. |
-Cortes transversais
de órgãos -Menos custoso que RMN e PET -Maior disponibilidade mundial |
- Exposição à RX |
|
1940- Purcell e Bloch desenvolvem a RNM R= ressonância N= Núcleo M=magnético |
RMI (Ressonance Magnétic Imagem) |
-Prótons de hidrogênio
submetidos a campo magnéticos são alterados e a taxa de retorno é medida |
-Visualizacao de estruturas com maior definicao |
-Cortes transaxial,
coronal e sagital, gerando maior nitidez na imagem. - Não há exposição a
RX sendo aplicavel também em crianças
e mulheres grávidas |
-Campo magnético contra indica uso em portadores de marcapasso -Barulho durante o
escaneamento |
|
fRMN (ressonância magnética funcional) |
fRMI |
Semelhante a RMN , porem com aplicação da tecnica BOLD (blood oxygen level
dependent contrast) que baseia-se
nas propriedades dia e paramagnéticas da oxi e desoxiemoglobina, e nas alterações em suas concentrações
nas áreas onde há aumento do
fluxo sanguineo O efeito final na imagem
é decorrente do aumento da
intensidade do sinal nas áreas ativas, sendo que as imagens ativadas são
diminuidas das de repouso,
gerandoentao, uma imagem residual de funcionalidade. Além disso, acopla-se
a espectroscopia de NMR, sendo
possível então, avaliar a intensidade de relaxamento, medindo
então, a quantidade da substância no
tecido estudado. |
-Visualizacao de estruturas com maior definição e devido marcadores, avaliação
funcional de ares cerebrias. |
-Multiplicidade de cortes e também como não há
exposição a Raios. Possibilidade de uso diagnosrico anatômico e funcional em
gestantes . |
-Campo magnético contra indica uso em portadores de marcapasso -Barulho durante o escaneamento |
|
1974- Phelps, Hoffman e Ter pogossian
desenvolvem a PET(
Positron Emission Tomograpy) |
(continua na pagina abaixo) |
-Injecao de molecula com atoma radioativo, p.ex.
, glicose-F* ou FDG (fluordextroglicose) , que sra mais captada em área de
maior função cerebral. Quando F* radioativo emite um positron e este
colide com um elétron,há liberação de raios
gama que são captados por analisador PET , gerando um mapeamento da
área cerebral que apresenta maior atividade ou função. |
-É
uma espécie de máquina de tomografia computadorizada que mostra os resultados
em cores brilhantes _ Mostrar a funcionalidade de áreas cerebrais de
maior atividade que vão desde o vermelho(alta atividade) ate preta (baixa ou
nehuma atividade, sendo portanto usada em funcionalidade cerebral. -No cérebro vê-se onde
as células nervosas estão trabalhando mais, ou seja, onde está havendo mais
atividade |
-Maior nitidez que as imagens PET |
-Alto custo devido necessidade de , para formar
uma molécula ou tracador radioativo, necessitar de ciclotron, que é um
acelerador de partícula para produzir radiofarmaco, p. ex., a F*DG. |
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1990-SPECT (tomografia
computadorizada por emissão de fóton
) |
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-Idem ao PET, porem é analisada a emissão de
fótons, ao invés de raios gama. -SPECT é um exame muito idêntico ao exame do tipo
PET, a única diferencia entre eles é que um emite proton e o outro fótons,
que serão analisados. |
-Idem ao PET |
|
-Idem ao PET |
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