Curso
Capacitação Docente em
Educação a Distância em Saúde
![]() Volta para a página principal de Ensaios Módulo 1: Por um Novo Ensino Médico
Há muito tempo as escolas de engenharia resolveram se dividir em áreas (elétrica, mecânica, química, etc.). Não existe mais um escola que integre todas as engenharias. Porque isso não acontece com a medicina? Seria desejável? Imaginem o conhecimento e a prática médica daqui a 50 anos! Como será, na sua opinião, a educação médica na metade do terceiro milênio? Existem diferenças entre as atividades relacionadas à Saúde e às áreas técnicas. Mesmo nas engenharias, existe um conhecimento comum que possibilita a interação de setores diferentes, quando isto se faz necessário, por exemplo, na construção de edifícios inteligentes, na indústria naval, espacial ou mesmo na construção de uma simples casa. O ser humano é a principal motivação e objetivo de todas as nossas atividades, sendo necessário adaptar a metodologia que usamos no exercício da medicina a esta concepção. Constitui-se numa maravilhosa unidade bio-psico-social e espiritual, indivisível. Mesmo uma análise métrica do ser humano mostra-nos uma complexidade grandiosa. O tubo digestivo mede de 7 a 9 metros, temos 50 bilhões de leucócitos, e 25.000.000.000 de hemácias, a diversidade de anticorpos é da ordem de 1015 e os vasos sanguíneos formam uma canalização de 90.000 quilômetros. Permanecendo no setor biológico, a quantidade de informações, mesmo sobre um único componente, uma molécula, é enorme. Ultrapassa os limites de armazenagem e processamento do cérebro humano. Distanciando-se cada vez mais da prática médica, da intervenção racional e sem riscos para o ser humano, a sociedade e o equilíbrio ecológico do planeta. Por isto, acredito que não seria desejável a fragmentação, maior do que a que já existe, do ensino-aprendizagem da medicina. Pelo contrário, estudos mais aprofundados sobre as relações existentes entre o biológico, o psicológico, o social e o espiritual devem ser realizados e seus resultados amplamente divulgados, analisados e aplicados no ensino da medicina e no relacionamento médico-paciente. Com relação à prática médica, daqui a 50 anos, seguindo a tendência atual, vislumbramos que a sociedade será toda “doente” ou seja, dependente de profissionais de saúde, exames, medicamentos e procedimentos para viver. Os exames serão realizados desde antes do nascimento, particularmente, nos genes para codificar o ser humano “ideal” para o momento, não só temporal, mas também geográfico e político. Os exames continuarão durante a vida e prolongar-se-ão mesmo após a morte em estudos epidemiológicos e legais segundo os interesses de herdeiros ou de empresas de biotecnologia. A biomecânica estará mais humanizada, mais adaptada, membros, órgãos, tecidos e moléculas serão produzidos e/ou alterados para serem eficientes em suas funções. Os medicamentos personalizados serão implantados em pequenos equipamentos com depósitos, sob a pele, e sua liberação para a corrente sangüínea será feita na dependência de uma série de dosagens simultâneas de diferentes parâmetros biológicos, realizadas por sensores nestes mesmos equipamentos. Na metade do terceiro milênio, ou seja, por volta de 2500, torna-se mais difícil a especulação, seguindo a atual tendência, teremos colonizado o espaço e outros planetas. O contato com condições adversas nestas regiões formará um quadro crescente de novas doenças e novos mecanismos etiopatogênicos. As relações humanas serão cada vez mais rápidas e superficiais, insuficientes para nossa satisfação natural. Felizmente ou não, a “satisfação” poderá ser, mais ou menos, controlada por medicamentos, estímulos cerebrais ou simplesmente pela programação genética. As emoções serão controladas. A bioengenharia estará bem desenvolvida, componentes biomecânicos farão parte de nossos corpos e de nossas atividades. A aquisição de informações será pela implantação direta no cérebro, através de uma interface de aprendizagem, limitada pelo poder aquisitivo ou pela importância social da pessoa. A realidade virtual e a real estarão confundidas, as pessoas não perceberão as diferenças. Tanto neste século, quanto no terceiro milênio, poderíamos acrescentar uma enorme lista de problemas, desafios e soluções, mas o futuro a Deus pertence, cabe a nós, seres humanos, nos prepararmos para ele, se desejarmos ser atores ativos do mesmo. Existem muitas barreiras para que os médicos e outros profissionais de saúde efetivamente participem da educação continuada e da educação da distância no Brasil. Quais seriam as principais, na sua opinião? Como mudar o ensino de saúde de graduação para derrubar essas barreiras? Como levar o profissional de saúde a usar mais as tecnologias de informação no seu dia a dia? Os profissionais de saúde sabem da importância de suas atividades. O nascer, o morrer, o reproduzir, o sofrer, o amar, o comer, o dormir, enfim o viver, são ações ativas/passivas que compõem o binômio saúde-doença. As pessoas que procuram os profissionais de saúde confessam direta ou indiretamente suas fraquezas e necessidades. Numa condição de doença, a depressão está incluída em quase todas as situações. Nesta relação, a vaidade do médico, inerente a todo ser humano, completa o quadro atual. O médico deseja o “status” material, o ter, compatível com a condição de um semi-deus, no entanto, o mercado inviabiliza estas aspirações exageradas e, muitas vezes, até aquelas que são justas para qualquer ser vivo. O médico reage, buscando como pode, recursos e poder, numa batalha que já foi perdida há alguns anos. Falta-lhe tempo, tempo pra ouvir, examinar, falar, estudar, continuar se desenvolvendo. Começa então o sacrifício, inicialmente de seus amigos e familiares, até chegar ao auto-sacrifício que atinge seu sono, descanso, alimentação, exercícios e lazer. As barreiras para uma formação continuada são: 1- Falta de tempo, 2- Falta de motivação, 3- Falta de recursos, 4- Falta de educação, 5- Falta de horizonte temporal e 6- Falta de futuro definido para o investimento. Esta lista poderia ser aumentada, mas a necessidade desta formação continuada é imperiosa e ultrapassa estes obstáculos, se o médico quiser continuar ativo no mercado de trabalho, que se altera constantemente, por mudanças nas pessoas, nas condições ambientais e nas relações sociais. Para os profissionais usarem mais as novas tecnologias, alguns pontos são essenciais: temos que ter acesso a elas, aprender a usa-las, dedicar um “quantum” de tempo, que deve ser retirado, necessariamente de uma outra atividade ou inatividade (sono, descanso), considerando os benefícios e malefícios desta nova opção e logicamente a provável resultante. Com tudo isto, este diagnóstico não significa que perdemos a guerra, precisamos identificar novos objetivos de aprendizagem, (excluir os desnecessários), novas metodologias, como o PBL a medicina baseada em evidências e a educação à distância, usada neste curso, para que possamos voltar a viver bem e com simplicidade. Acredito até que já dispomos de informações e tecnologias para darmos um grande salto na qualidade de vida, mas precisamos tomar a sabedoria, que está escondida e empoeirada em algum lugar de nosso cérebro, limpá-la com amor e usá-la para si mesmo e para os outros.
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