Curso
Capacitação Docente em
Educação a Distância em Saúde
Ensino à distância, ou melhor dizendo, educação à distância (EAD). Seria este novo jargão da atual pedagogia tecnológica um modismo? Assim como a revolução da Internet foi assim considerada por alguns indivíduos mais céticos há não muito mais que 8 anos, 5 ou 6 no Brasil? Hoje reconhecemos sua importância , não conseguimos mais viver longe dela, grandes espaços reservados a ela na mídia impressa, readiofônica ou televisiva. Quem tenta se afastar da Internet vive a eterna angústia de saber que já é uma realidade e é inexorável que se torne parte dela para evitar a obsolescência. O ensino semi-presencial e assíncrono
é o tipo de EAD mais utilizado em todo o mundo, embora muitos cursos
específicos possam ser realizados sem a parte presencial. Alguns
pseudo-cursos utilizam a meu ver indevidamente a rotulação
de estarem realizando EAD. Chamo de pseudo devido ao fato de , por exemplo,
utilizarem os recursos de transmissão de dados via rede, com ou
sem multimídia, com o simples objetivo de permitir que o aluno não
necessite copiar as anotações e apresentações
expostas durante as aulas presenciais (vide curso: Immunobiology da Syracuse
University), não permitindo ampla interação bidirecional
ou qualquer outro tipo de apoio que a EAD propriamente dita tem a capacidade
de dar.
A EAD já é uma realidade prática. Tão importante que a cada dia ocupa mais espaço na mídia e nos projetos de políticos e governantes. Através da lei n. 9394 de 1996, complementada pela sua regulamentação pelo decreto 2494 de 1998, vê-se um claro interesse da União em partilhar da EAD, seja credenciando instituições, formando requisitos para realização de exames visando complementação de aprendizagem, isentando professores e alunos da freqüência obrigatória e estimulando a auto-aprendizagem. Diante destes fatos paramos para pensar, seriam todas as áreas da saúde, especialmente a área médica beneficiadas pela a EAD? A meu ver a resposta é sim. Beneficiadas, mas em alguns casos não substituídas por versões a distância. Este é um aspecto muito complexo a ser debatido. Neste ensaio, ao invés de discorrer sobre duas especialidades, vou tentar colocar meu ponto de vista em relação à uma gama de especialidades: as cirúrgicas - generalistas ou especializadas-. Como suprir, do ponto de vista de EAD, aqueles árduos plantões em clínicas cirúrgicas, onde as condutas envolvem predominantemente procedimentos manuais? Como utilizar EAD neste aspecto específico para um aluno em graduação? Embora seja factível ter, via teleconferência, um tutor que esteja on-line, no momento do procedimento e orientando o aluno, quem irá efetivamente realizar o procedimento será ele próprio e responsável ética e juridicamente pelo ato. Portanto, algum orientador sempre deverá estar presente seja para o ensino do procedimento em si ou para a CORREÇÃO IMEDIATA de algum dano praticado pela imperícica própria e inicial do estudante, como fartamente encontra-se em hospitais-escola. Estas são questões que devem ser cuidadosamente discutidas e soluções propostas. Inúmeros benefícios podem ser trazidos utilizando-se técnicas de EAD para revalidação de títulos, diplomas, cursos de pós graduação e de extensão universitária, segunda opinião, etc. Estes sim, podem ser planejados, tutoriados, conduzidos e avaliados a distância, porém, quando envolverem habilidades manuais, estamos seguros de estarem sendo realizados por aprendizes já com experiência na metodologia do ato médico básico. Penso este ser este um entrave que poderá em parte ser contornado pelo regime semi-presencial. Mas efetivamente, os plantões, o contato intensivo com o paciente logo ao chegar ao Pronto Socorro, os procedementos básicos, dependem fundamentalmente da presença do aluno no local e na hora da ocorrência juntamente com um ou mais orientadores. Visto este ponto, chego a pensar na real importância de debater esta questão. É francamente notório que o profissional médico necessita de plantões, de contato com o paciente, de adestramento em procedimentos que envovam habilidade manual. Porém quanto tempo ele terá a mais para estar com o paciente se lhe for dado uma chance de aprender as bases teóricas em sua casa, com tutores a distância, recursos multimídia, interação bidirecional, aulas virtuais, reuniões de casos clínicos via teleconferência e principalmente estímulo para o auto-aprendizado e a total ausência de limites temporais e espaciais para buscá-lo? Diante disso temos uma certeza: a EAD é uma realidade, e quem não aderir a ela, seja professor ou aluno, estará fadado a viver a mesma angústia que enfrentam atualmente os indivíduos que outrora consideraram a grande rede mundial um mero modismo. CLAUDIO LUIZ LAZZARINI
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