Curso
Capacitação Docente em Educação a Distância em Saúde

Volta para a página principal de Ensaios
 


Educação, Tecnologia e Distância

Elomar Christina Vieira Castilho Barilli 
 

Certamente não se discute a apropriação da tecnologia pela sociedade, nem sua importância, como ferramenta de apoio, para a educação. Como bem disse Eduardo Chaves (aula expositiva: O Computador como Tecnologia Educacional), cabe à escola fazer cumprir o paradigma educacional atual, que é formar o cidadão para uma atuação plena dentro dessa sociedade, a qual traz, como alguns fatores determinantes de sua contemporaneidade, a busca pela informação, a necessidade de comunicar-se, enfim, comportamentos que utilizam a tecnologia como suporte.  
Foi-se o tempo em que o chefe fazia rascunhos ilegíveis somente decifrados por sua linda e fiel secretária. Hoje, o chefe, o pesquisador, o médico, o professor etc que não souber utilizar os recursos mínimos do Windows,  já é considerado como recém-chegado de marte. Mesmo os operadores de reprografia, por exemplo, sabem que as máquinas com as quais trabalham são (ou serão) operadas por computador.  
Novos tempos significam novos mercados a serem dominados, novas oportunidades a serem alcançadas e novas competências profissionais a serem desenvolvidas. Esse cenário no qual a palavra inovação se impõe faz com que o profissional, em sua ânsia pela capacitação, busque formas educativas que, ao mesmo tempo que respondam às suas necessidades diante do mercado, se enquadrem em seus padrões de vida (escassez de tempo, indisponibilidade para deslocamentos e viagens etc).     
  Ao se falar em Educação a Distância (EAD), a utilização da tecnologia parece ser a opção, excetuando-se, logicamente, os cursos voltados para clientelas cujo acesso ainda está indisponível. E este, atualmente, parece ser o único critério que impede a realização de cursos nessa modalidade de ensino.  Até os cursos cujas competências terminais envolvem desenvolvimento de habilidades motoras (pilotagem, montagem e desmontagem de equipamentos, aferição de instrumentos, procedimentos cirúrgicos etc), já há algum tempo podem ser implementados a distância com a utilização de técnicas e equipamentos de Realidade Virtual (RV) e, em muitos casos, preferencialmente, visto ser mais adequado que os aprendizes se defrontem com simulações em períodos de treinamento. Hoje, a redução do custo dos equipamentos aliado ao refinamento das aplicações em  RV (tempo real, aplicações para internet, ambientes com alto grau de realidade, robótica..) fizeram dela mais um ponto de reforço a fim de  justificar a necessidade do uso da tecnologia na educação.
A seguir, são apresentados alguns pontos discutidos nas aulas expositivas   (aula 2, Módulo 1).
 

 ‘Gargalos’  que impedem a efetivação de propostas educativas em EAD

A aula expositiva, Uma Visão Geral sobre Educação a Distância,  enfocou aspectos importantes que se traduzem em verdadeiros  ‘gargalos’  para efetivação de propostas educativas em EAD, que passo a comentar:
      
¨ “... É necessário capacitar os professores e montar um sistema de apoio na instituição que se habilite a ofertar EAD de forma eficiente e efetiva.” Nesse item, incluem-se cursos de capacitação desses professores não somente em tutoria (orientação), mas também em seleção e seqüenciamento de conteúdos, seleção e desenvolvimento de materiais, estratégias didáticas específicas para EAD, avaliação da aprendizagem, entre outros. Um sistema de apoio eficiente é outro fator importante, uma vez que muitos cursos sucumbem em razão da falta de um bom sistema de gerenciamento (inscrições,  alunos que enviaram trabalhos, identificação dos alunos que não estão-se comunicando e dos que concluíram a Unidade 1 etc). Algumas Instituições (Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ –, por exemplo) contam com  gerenciamento eletrônico, utilizando rotinas programadas que, automaticamente,  registram em bancos de dados os acontecimentos do curso. 

¨ Estabelecer critérios que garantam a autoria de conteúdos inéditos elaborados exclusivamente para propostas de EAD - Alguns professores consideram ser suficiente simplesmente ‘transformar’ um curso presencial para EAD, fazendo apenas algumas modificações. O resultado dessa idéia errônea é a utilização de apostilas, fichários e outros, os quais resumem-se em verdadeiras ‘colchas-de-retalho’, muitas vezes de difícil entendimento.  Obviamente, se por um lado o autor que se empenha em produzir materiais inéditos, atuais, consistentes, com linguagem adequada tanto à modalidade de ensino quanto à clientela-alvo do curso espera garantias mínimas de autoria; por outro, as instituições, da mesma forma, esperam garantias de exclusividade. Algumas instituições têm enfrentado essa questão com a utilização de contratos e procedimentos de registro de propriedade intelectual (ou outro registro). 

¨ “Saber trabalhar em grupo”. As equipes de desenvolvimentos de cursos de EAD são obrigatoriamente multidisciplinares, contando, de forma ideal, com um coordenador-geral e duas subequipes: 1) de desenvolvimento pedagógico – coordenador-pedagógico, especialistas de conteúdos (autores), especialistas em EAD, professores-orientadores (tutores); e 2) de desenvolvimento e implementação de interfaces (ou de desenvolvimento tecnológico) – coordenador de desenvolvimento, designers (tratamento de imagem, editoração e lay-out), fotógrafo (produção de imagens), revisor, informatas (engenheiro de software, programadores, digitadores), músico e profissional de marketing.  Tais equipes, dependendo da natureza do curso, envolvem mais de cem pessoas (como no casos dos consórcios interinstitucionais), cada qual com sua responsabilidade e igual nível de importância dentro do processo. O que se observa, às vezes, são incompatibilidades provenientes de ‘estrelismos’ que só comprometem o os prazos e, logicamente, aumentam os custos. Nesse caso, o que se tem procurado fazer é identificar líderes que, além da habilidade inerente ao processo, também sejam bons articuladores e, sobretudo, saibam trabalhar com estrelas.
 

¨ “Cooperação multi e interinstitucional, portanto, é o novo paradigma.” Finalmente, no terceiro milênio, o homem despertou para princípios milenares orientados para a universalização, horizontalização de papéis, compartilhamento de saberes, integração de idéias... Sem ousar levar esse escrito para outros campos do conhecimento, é indiscutível que tais princípios refletem-se na educação. Passada a primeira fase de aprendizado em que cada instituição desenvolvia propostas de EAD de forma isolada baseadas em realidades específicas, hoje  a maioria dos profissionais que atuam nesse campo já concluíram que o caminho mais promissor é o de compartilhar vivências. Esse realmente é o caminho. Em passado não muito distante, a tônica da EAD centrava-se no estudo individual, hoje já se fala em estudo colaborativo a distância.
 

Finalizo criticando a afirmação: “o professor passa a ser um facilitador, e perde o papel tradicional de válvula de toda a informação que chega ao aluno.”  Certamente, trata-se de um preciosimo, mas prefiro dizer que, dentro do contexto da EAD, o professor deixa de ser um repositório de informações para ser o coordenador da aprendizagem, integrando como uma das habilidades inerentes a essa competência a de facilitador da aprendizagem.
 

 
 
 



[Página Inicial] [Programa] [Biblioteca] [Corpo Docente] [Alunos]

Copyright © 2001 Instituto Edumed