Curso
Capacitação Docente em Educação a Distância em Saúde


 

EAD – O Brasil na Sala de Aula. Quando Será Possível?

Nas National Policy Recomendations, revisão de janeiro de 1997, da United States Distance Learning Association, um aconselhamento para a concentração de esforços pró-ativos dos governos federal, estadual e local em determinadas áreas estratégicas é realizado para maximizar todo o potencial da EAD e da tecnologia educacional nos Estados Unidos da América do Norte. Em primeiro lugar, recomenda-se a criação de uma infraestrutura nacional focada na reforma educacional sistêmica e no provimento de serviços avançados de telecomunicações. Em segundo lugar, um sistema aberto de acesso a satélites a baixo custo por parte de instituições educacionais, com subsídios governamentais, é apontado como imprescindível para o sucesso da empreitada.

Aqui, como lá, a integração nacional verdadeira só acontecerá quando todo o país estiver coberto por uma malha de telecomunicação onipresente e eficaz. Alguns cenários podem ser apontados, numa análise rápida, como coexistentes na conjuntura atual brasileira.

Cenário 1 - No Jornal A Crítica (de Manaus) de domingo passado, uma comunidade do Alto Solimões manifestava-se preocupada com a proximidade da guerra (Brasil X Colômbia) que estaria se avizinhando, segundo as crenças dos aldeões, para janeiro de 2001. O padre da comunidade perguntou, muito preocupado, aos repórteres do jornal quais eram as notícias do Brasil a respeito do assunto, pois a comunidade não tinha notícias do país por não dispor de televisão, rádio ou telefone na região. Na realidade, a “guerra” que temem é o que lhes disseram deverá ocorrer no início do ano, quando o Exército Brasileiro exercitar-se no fechamento da fronteira com a Colômbia. Trata-se, sim, de um exercício de guerra. Mas a desinformação local é tamanha, devido ao isolamento dos membros da comunidade do resto do mundo, que qualquer fantasia é possível. 

Cenário 2 – Manaus não dispõe de conexões rápidas com a Internet. Agora é que o sistema DVI de 128 kbps está sendo implantado na cidade, e os percalços para a sua instalação ainda têm sido muitos. Prevê-se que só em fevereiro de 2001 uma primeira empresa de TV a cabo colocará à disposição dos interessados o serviço de Internet a cabo a 256 kbps, mas o silêncio sobre o assunto tem sido total.

Cenário 3 – No TELMED 2000, na cidade de São Paulo, a transmissão online a 128 kbps de cirurgia cardíaca realizada a distância não apresentou os resultados esperados pelos organizadores do evento por problemas de conexão. Da mesma forma, uma conexão A JATO com o Hospital Israelita Albert Einsten, em alguns poucos momentos mais parecia ser a HÉLICE, devido a problemas de congestionamento de tráfego de sinais em hora de utilização máxima dos mesmos.

Depreende-se do exame dos três cenários que o uso de recursos de telecomunicações para interação à distância no Brasil ainda está em seus passos iniciais. Nas regiões mais avançadas, apesar de bem estruturadas, as telecomunicações ainda estão em fase de sedimentação dos novos processos instalados – as “teles” e as firmas satélites estão ainda em curva de aprendizado. Nas regiões mais atrasadas, nem sequer existem recursos de telecomunicação instalados. Grandes são as disparidades regionais existentes neste campo, o que impossibilita imediatamente o contato interativo de pessoas de modo a facilitar a implantação de projetos de EAD realmente abrangentes no Brasil. Quem mais do que as comunidades realmente longínquas dos grandes centros se beneficiariam da EAD?  Não é para elas principalmente que a EAD redundaria nos maiores benefícios? E na EAD em Saúde? Para realmente ser utilizada de maneira eficiente, não deveria dispor de conexões rápidas e de banda larga? A quem interessa colocar um sítio de telecomunicações que permita contatos em velocidade adequada na comunidade de Uapoí Cachoeira, lá na “cabeça do cachorro” do mapa do estado do Amazonas?

Estes questionamentos estão aí para serem respondidos e os problemas por eles tratados solucionados num prazo que evidentemente deve ser o menor possível, pois há relatos de que nas escolas de primeiro grau americanas ensina-se que a Amazônia (e dentro dela o estado do Amazonas) é território de soberania internacional. A máxima do Mal. Rondon pode ser ajustada como uma luva para o objetivo maior a ser alcançado pela EAD no Brasil: “Integrar para não Entregar!”

Ivan Tramujas da Costa e Silva
 




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