Curso
Capacitação Docente em
Educação a Distância em Saúde
![]() Volta para a página principal de Ensaios Módulo 1: Repensando o Ensino Médico Análise e Comentários
1. A crise do Ensino Médico (EM). Meu pai era médico, ingressou à
Faculdade de Medicina-Universidad de la República-Uruguay, em 1926
e obteve seu diploma em 1933. Em 1958 eu ingressei e obteve meu diploma
em 1967, a carreira tinha se alongado em dois anos a causa de um internato
de quatro(4) anos de duração. Em 1991 ingressou a minha filha,
e se formou em 1999, cursando o “novo curriculum médico” (8 anos).
Nestes mais de 70 anos, onde ocorreu um desenvolvimento científico-tecnológico descomunal, o “modelo” de ensino médico foi conservado, e reproduzido. Como os conhecimentos são muito maiores, a superficialidade também incrementou-se. Há entretanto duas grandes diferenças: a) O médico formado em 1933 soube ser um profissional muito mais completo, e constituir-se no famoso médico da família ( não de família). Aquele que quando entrava em casa e havia alguém doente, todos ficávamos aliviados. O médico de 1999 é um profissional de conhecimento fragmentado. O famoso médico “ao”, de escassa resolutividade, e pouco inclinado a ser conselheiro, amigo e assim incapaz de utilizar a famosa “magia” herdada dos shamanes de cujo poder de alivio ninguém duvida. b) O médico formado em 1999, o famoso profissional do terceiro milênio, conhece muito mais, sabe da biologia molecular, da ressonância magnética nuclear, conhece novos exames e medicamentos, mais perdeu o prestígio com os seres humanos. De acordo a esta linha de raciocínio, não só é preciso possuir e incorporar em forma programada e continuada novas informações, senão saber como utiliza-las em benefício dos seres humanos. Assim, a crise do ensino em saúde (e especialmente a médica) é uma crise de uma corporação que, amarrada a compromissos de classe, estruturada sobre a base da industria de fármacos e da tecnologia, não consegue uma atitude de ruptura capaz de transformar às instituições do EM. E o que se chama uma crise epistemológica, estrutural e não conjuntural. Menos devida ao progresso da informação e a incapacidade para adquiri-la do que a ideologia que a sustenta. Ainda assim, pensamos e defendemos que todos os profissionais da saúde se formem com maior rigor, que se exija de nós maiores e melhores conhecimentos, que se nos submeta a uma re-certificação periódica e que a educação permanente seja um dos nossos objetivos mais essenciais. Isto dito, cabe à EAD um papel principal na contínua qualificação dos profissionais. E à Internet ser o instrumento mais importante, capaz de chegar a todos em todo momento. Em Rio Grande, aos médicos e enfermeiros de família, lhes reservamos as quintas feiras a tarde, como o dia educacional. Neste período não fornecem serviços, e isto pare ser bem compreendido pela população. Ainda assim, através da Internet, também pode-se utilizar a Telemedicina, a consulta on-line que estão chamados a adquirir uma importância cada vez maior. 2. As respostas à crise Modelos e paradigmas de atenção à saúde, e os correspondentes modelos educacionais e de organização do sistema de saúde estão em permanente processo de debate. Para mudar o ensino, não alcança com trocar suas formas, esta é uma mudança interior e tende a reproduzir o modelo existente. É necessário re-pensar os paradigmas, re-formular os sistemas de atenção à saúde de modo a torna-los universais, eqüitativos, accessíveis, e com participação social intensa em toda instância do sistema. O Modelo de Atenção Integral à Saúde, com atividades de promoção, proteção, recuperação e reabilitação, agindo sobre as pessoas e sobre o meio ambiente físico, biológico e social, parece-nos hoje o mais indicado. As estratégias continuam em discussão. Se é PSF ou Movimento em Defesa da Vida de Gastão Wagner de Sousa Campos, ou outros, isto é ainda matéria polêmica. O que parece sim certo é a necessidade de formar médicos ( e outros profissionais) capazes de assistir às pessoas, como um todo, em seu contexto, e não como acontece quase que universalmente, assistir enfermidades. Se estabelece terapêutica da Insuficiência Cardíaca em lugar de tratar a seu João, que entre outras coisas tem uma falha do Ventrículo Esquerdo. Humanidade real que nos falta há
muitos anos, mais que já foi melhor. Como diz Foucault, “colocamos
as enfermidades com uma existência própria, como se existissem
independentes do corpo humano, de um indivíduo que está enfermo.
Não me passa pela mente que isto
possa ser enquadrado em disciplinas, o saber clínico, o saber social,
o saber psicológico e o saber ambiental estão indissoluvelmente
unidos, são os instrumentos dos profissionais da saúde que
a história social gerou, através dos séculos, para
encarregar-se de melhorar a saúde das pessoas e não apenas
quando estão enfermas.
3. Finalmente ( já os cansei bastante) Estou fazendo este curso para melhorar
o nível dos profissionais da saúde que trabalham na atenção
básica (PSF e outros).
Penso que com o tempo a maior parte da
educação vai ser por este médio, e isso tanto na graduação
quanto na pós-graduação.
Prof. Dr. Jaime Bech
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