Curso
Capacitação Docente em Educação a Distância em Saúde

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Módulo 1: Repensando o Ensino em Saúde 
Por: Rosângela Diniz Chubak

Existem muitas barreiras para que os médicos e outros profissionais de saúde efetivamente participem da educação continuada e da educação à distância no Brasil? Quais seriam as principais na sua opinião? Como mudar o ensino de saúde de graduação para derrubar essas barreiras? Como levar o profissional de saúde a usar mais as  tecnologias de informação no seu dia a dia?

A meu ver um dos grandes entraves em relação à educação continuada e a educação à distância, não apenas para a classe médica e/ou demais profissionais de saúde, mas de modo genérico a todos os profissionais em quase todas as áreas no país, trata-se das prementes questões sócio-culturais.

Existe uma mentalidade corrente ainda nos dias atuais, que formação profissional é algo estanque, paralisado no tempo e no espaço. Esquece-se aqui, que formação pressupõe processo e processo é dinâmico, algo que está em constante renovação e mudança.

Tal mentalidade é reforçada considerando-se a estrutura dos cursos de graduação, os quais certificam o profissional de forma vitalícia. Ao profissional sério torna-se cada vez mais imprescindível para o excelente desempenho de suas funções, manter-se sempre atualizado, revendo conceitos e procedimentos através do exercício da educação continuada.

O acesso limitado à educação no país acaba por formar profissionais que se obrigam muitas vezes a estabelecerem limites muito definidos às suas carreiras, tomando como topo de suas ambições poder completar sua formação universitária, tarefa mais que difícil por sinal, exclusiva a uma parcela bem reduzida da população.

Este mesmo profissional ingressa no mercado de trabalho buscando sua sobrevivência e principalmente ressarcir-se (a si mesmo e a terceiros como família e/ou finaciamentos) dos vultuosos gastosdispendidos para sua formação. Este quadro se completa em virtude do panorama econômico e social vigente há alguns anos, do qual decorre uma profunda desmotivação deste profissional em investir tempo, esforços e recursos financeiros para
garantir a tão necessária educação continuada.

Este não-investimento do profissional na educação continuada se torna problemático especialmente nas áreas que sofrem crescentes e constantes mudanças, como é o caso da medicina, que num curto prazo abriga enormes avanços- "o volume de informações médicas publicadas está duplicando a cada quatro anos (...) cerca de 50% destas torna-se obsoleta após a graduação do médico".(trecho da aula 1/slide edumed)

Quanto a educação à distância, o descaso e a desinformação são ainda maiores, colocando esta modalidade de aprendizagem numa categoria inferior à educação presencial, confundindo o foco principal da questão, tanto para uma quanto para outra, que é a qualidade de ensino. 

Nesta conjuntura, se bem empregada e realizada com excelência, a educação à distância pode ser a grande solução para viabilizar o processo de educação continuada.

E esta educação continuada deve abranger não apenas o médico especialista, pressionado pela necessidade frequente de atualização técnico-científica, mas também o médico generalista, a quem devido as recentes mudanças de paradigma - por exemplo, o médico da família - está recaindo parcela crescente de demanda (quantitativa e diversificada), para os quais muitas vezes não está preparado, considerando sua atuação não mais  de forma
individualizada mas agregado a uma equipe multi-transdisciplinar de trabalho.

É preciso que entre tantos princípios trazidos por este novo paradigma, entre eles o da equidade, não venha mascarar o princípio relevantemente social que é o princípio da igualdade, traduzindo-se de uma forma sinistra: o do serviço médico generalista para a maioria pobre de um lado, e o serviço médico especializado/tecnológico para a minoria que pode pagar, de outro.

O futuro é agora e não podemos pensar que cabe ao ensino de saúde de graduação quebrar as  barreiras ao ensino continuado e ao ensino à distância, frente às crescentes e diversificadas exigências da área de saúde. Isto é tarefa para toda a sociedade, através de um amplo debate nacional, o qual pode e deve ser iniciado pela sociedade civil organizada -
sindicatos, conselhos e associações de classe entre outros... A questão aqui me parece não exatamente mudar o ensino para quebrar as barreiras atuais, mas quebrar as estruturas arcaicas da maioria das nossas academias de ensino universitário para viabilizar e propiciar tais mudanças.

Quanto à utilização de tecnologia da informação no dia a dia pelo profissional de saúde, mais especialmente o médico, considero-a como fundamental, posto ao grande volume de informações e inovações na área; e pode-se dizer que esta tecnologia já é uma realidade nos grandes e médios centros urbanos, cabendo portanto a este profissional acompanhar esta
realidade cada vez mais presente, sob o risco de se colocar à margem do processo no qual está inserido.



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