Curso
Capacitação Docente em
Educação a Distância em Saúde
Recente documento do CRM-SP mostra duas interessantes reportagens: A primeira diz respeito a um Programa Nacional de Interiorização de Médicos, onde os recém-formados vão ser estimulados a exercer a profissão em cidades do interior, com casa e salário pagos pelas Prefeituras Municipais, com um computador plugado na Internet para orientações periódicas por professores universitários e profissionais do Programa de saúde da Família(1). São óbvias as implicações do Plano de Interiorização para a Educação à Distância (EAD). A segunda reportagem mostra que 51,4 % dos médicos do estado de São Paulo trabalha para o SUS (principalmente no setor estadual)(2). A questão que se coloca aqui é: O que a EAD tem a ver com o SUS? Iniciemos nosso raciocínio pela minuta do anteprojeto das Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduação em Medicina. Tal projeto é bastante arrojado ao articular a formação do profissional aos princípios do SUS e à possibilidade de utilização da EAD como ferramenta para esta formação. Porém, temos aqui um paradoxo: Uma proposta de vanguarda para a formação de profissionais médicos e um mercado de trabalho que convida à estagnação, se tivermos em mente a realidade do setor público na maioria das cidades brasileiras. Estaria o setor público preparado para a EAD? Vemos que não há, na maioria das prefeituras ou serviços estaduais, planos de carreira que valorizem a atualização constante dos profissionais. Acrescente-se que os modelos de treinamento (quando existentes) utilizados pelo setor público, reproduzem o modelo formalmente utilizado pelas universidades, que convidam à departamentalização dos saberes, preservando a autoridade do professor perante os alunos e utilizando tecnologias obsoletas, na maioria das vezes. Vemos profissionais totalmente desmotivados,
que somente “ batem o ponto” no serviço. Para estes profissionais,
o que significa a EAD?
Se isto se dá em São Paulo, como seria no resto deste país imenso, na verdade, um aglomerado de diferentes realidades de vida, de saúde, de acesso à educação e de acesso à tecnologia ? Quais as soluções para estes problemas? Penso que talvez a solução esteja em garantirmos que à formação baseada na constante atualização e expansão ilimitada do conhecimento se aliará uma cobrança de que tais elementos sejam efetivamente valorizados. Isso só poderá acontecer se os dirigentes do SUS em todos os níveis puderem compreender o valor da EAD como instrumento de operacionalização para propostas como as do Programa de Interiorização de Médicos. Não sejamos ingênuos a ponto de pensar que apenas à sociedade caberá a cobrança por tal compreensão. A meu ver, o papel primordial cabe às associações médicas e conselhos regionais, que tem como premissa básica a defesa de condições dignas para o exercício da medicina. Para estes órgãos, o real entendimento da EAD como uma das principais ferramentas capazes de democratizar os conhecimentos retidos na academia e o acesso ilimitado à informação neste país imenso, demonstrando que a valorização do profissional que se atualiza tem que existir também no âmbito do Sistema Único de Saúde pode trazer diferenças significativas na qualidade da atenção à saúde em nosso país. Ou corremos o risco de daqui a 50 anos ainda estarmos encarando a EAD como uma possível revolução a ser buscada pelas próximas gerações... Referências: 1 - Conselho Regional de Medicina do Estado
de São Paulo. Jornal do CREMESP. Ano XVIII. N º 169: 7. Novembro
2000.
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