Curso
Capacitação Docente em Educação a Distância em Saúde

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Ensaio 1

Por Vitório L. Venturini

Existem muitas barreiras para que os médicos e outros profissionais de saúde efetivamente participem da educação continuada e da educação da distância no Brasil. Quais seriam as principais, na sua opinião? Como mudar o ensino de saúde de graduação para derrubar essas barreiras? Como levar o profissional de saúde a usar mais as tecnologias de informação no seu dia a dia? 
 

A questão da atualização é sempre um ponto sensível na carreira de qualquer profissional.

Há fatores internos (motivação/entusiasmo, inquietações diante de situações novas, necessidades pessoais de aprendizagem, auto-desenvolvimento) e fatores externos (exigências da empresa, competitividade de mercado decorrentes do surgimento de novas tecnologias) que podem levar um profissional a procurar atualização em sua área.

Independente do motivo que o impulsiona, podemos verificar que atualmente as fontes para que isso aconteça são inúmeras se comparadas ao que existia há vinte anos atrás.

Inicialmente gostaria de estabelecer um paralelo entre a área de saúde e a organizacional.
Em meados da década de oitenta, quando ainda não se falava em globalização, o nível de competências exigidas  ficava muito aquém do que se espera hoje de profissionais que atuam na área organizacional e em cargo de decisão (gerentes, diretores etc.). Arranhar uma língua, por exemplo, já era algo acima da média. Computadores, correio eletrônico, internet ainda eram coisas restritas as empresas multinacionais. Mas tudo isso fazia sentido para um Brasil na era da pré globalização. 

A medida em que as empresas começaram a ampliar sua filiais pelo mundo, que os mercados começaram a se expandir além das fronteiras dos continentes e a globalização criou economias dependentes, as empresas, diante deste novo cenário também passaram a buscar profissionais com perfil que atendesse a esta nova demanda. Profissionais que apresentassem múltiplas competências, novos conhecimentos, novas habilidades e atitudes diante deste novo cenário competitivo. Aprender sempre e cada vez mais rápido passou a ser o novo paradigma para empresas e profissionais.

No final da década de 90, os muitos jovens que invadiram o mercado de trabalho, já tinham viajado pelo mundo, falavam dois ou três idiomas, tinham cursado um MBA e já nasciam plugados na rede. Aquela geração que hoje já ultrapassou os quarenta, percebeu que seria necessário correr atrás do prejuízo para poder encontrar seu espaço não só no mercado de trabalho, mas também seu espaço na sociedade. Afinal, foram os filhos desta geração que forçosamente obrigaram seus pais a se atualizarem.

No entanto, esta globalização interferiu muito pouco na área da saúde. Em termos de competitividade praticamente não abalou a medicina de grupo, clínicas e hospitais. A globalização não ameaçou médicos e paramédicos em seus nichos de trabalho. Portanto, os profissionais da área da saúde viram tudo acontecer, mas não se sentiram ameaçados ou levados a buscar sobrevivência no mundo competitivo. Na verdade a competitividade dava-se através de diferenciais relacionados a tecnologia de ponta na área de diagnóstico que algumas clínicas e hospitais adquiriam mas cuja utilização era, e ainda é, destinada a uma pequena parcela da população. Então nesta situação - a de operar aparelhos mais sofisticados -  é que em parte levou os profissionais a receberem treinamento.

Um outro ponto que considero relevante, é justamente a questão da quantidade de horas dos cursos de medicina. Essas dez mil horas cursadas durante a graduação faz o profissional muitas vezes se sentir "saciado" de conhecimento e de um "conhecimento" muito específico do qual muitas vezes ele e uma outra pequena minoria de outros colegas médicos teve acesso. Considerar-se o detentor desse conhecimento, gera aos médicos uma sensação de onipotência. Discutir procedimentos, questionar condutas não é próprio nem do paciente e muito menos de outro colega. 

Com a disseminação das informações, através da internet, sobre as mais diversas áreas do conhecimento, inclusive da saúde,  seja sobre diagnóstico, seja sobre medicamentos e suas aplicações, trouxe aos pacientes a possibilidade de conhecer mais sobre as patologias que os acometem e melhorar o nível de questionamento com o profissional que o atende. Por outro lado, isso fez, ou melhor, está fazendo com  que esses profissionais  repensem questões como a do relacionamento médico/paciente e ao mesmo tempo busquem  informações seja através da rede. seja através de cursos ou especializações para poderem atender agora uma demanda de clientes  cada vez mais mais exigentes.
 
 






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