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Capacitação Docente em Educação a Distância em Saúde

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Repensando o ensino em saúde

Por : Prof. Hildebrando Esteves Neto

Para nós , profissionais não médicos, é difícil falarmos do ensino médico (“especialista?”), preferimos comentar sobre o ensino em saúde (“generalista?”) .

Pensar no Ensino em Saúde neste novo milênio nos leva a refletir na evolutividade do Homem quanto ao seu aprendizado. O conhecimento vai sendo adquirido aos poucos, devagarzinho, bem devagar, a medida que o indivíduo cresce, literalmente falando. Se assim o é, porque falarmos em ensino médico somente ? se  o conhecimento em saúde vem do berço, porém, até certo ponto, leigo.

Quero dizer com isto que as habilidades cognitivas devem começar cedo. Ou seja, a melhoria do Ensino em Saúde passa pela mudança, para melhor, do Ensino Básico: Fundamental, Médio e Profissionalizante. Portanto, uma formação mais arrojada e continuada só será solução para o Ensino Superior (Médico ou não) se o acadêmico já vier com uma base sólida.

O aumento e a melhoria das oportunidades educacionais (internet e outros meios eletrônicos), o desejo de inclusão e as exigências do mundo do trabalho (desmaterializado) e de cada vez mais complexa a vida pessoal e social vêm se constituindo nas principais causas de incentivo a “life-long learner” (aprender a vida toda). Os níveis educacionais requeridos aos homens e às mulheres, em todo o mundo, são cada vez mais altos, para que dêem conta de competências mais amplas para sobreviver e conviver numa sociedade que dispõe de uma grande quantidade de bens culturais e de altos níveis de progresso material. Daí dois grandes desafios para as escolas do novo milênio: oferecer oportunidades para todos de avançar além da educação obrigatória ; e, conceber um desenho para o ensino que garanta a todos as condições básicas para a inserção no mundo do trabalho, a plena atuação na vida cidadã e os meios para continuar aprendendo (pois, se em todas as profissões houver a recertificação, “vai faltar” escolas e cursos. Olhem aqui mais uma importância da EAD). 

Ainda que haja divergências entre o pensamento Piagetiano e o de Chomsky, uma concepção básica os reúne entre os que formulam suas teorias a partir da noção de que a espécie humana tem a capacidade inata de (a) construir o conhecimento; de construi-lo na interação com o mundo; de (b) referencia-lo e significa-lo social e culturalmente; de (c) mobilizar este conhecimento frente a novas situações de forma criativa, reconstruindo no desempenho as possibilidades que as competências, ou os esquemas mentais, ou ainda a gramática interna, permitem in potentia.

A construção do conhecimento pressupõe a construção do seu próprio saber, a construção de competências e a aquisição dos saberes já construídos pela humanidade. Os três processos são operações distintas, o primeiro(a) tem por base as experiências vivenciadas (metodologia- técnica de problema), o segundo(b) a mobilização destes conhecimentos e sua significação (metodologia- técnica de projeto), o terceiro(c) a apropriação mediatizada pela transmissão (papel da EAD).

Devemos  entender por “ competências os esquemas mentais, ou seja, as ações e operações mentais de caráter cognitivo, sócio-afetivo ou psicomotor que mobilizadas e associadas a saberes teóricos ou experienciais geram habilidades, ou seja, um saber fazer”(Berger).

“As competências estão no aprofundamento da flexibilidade dos sistemas e das relações sociais. Na maioria das sociedades animais, a programação das condutas proíbe qualquer invenção, e a menor perturbação externa pode desorganizar uma colmeia, pois ela é organizada como uma máquina de precisão. As sociedades humanas, ao contrário, são conjuntos vagos e ordens negociadas. Não funcionam como relógios e admitem uma parte importante de desordem e incerteza, o que não é fatal, pois os atores têm, ao mesmo tempo, o desejo e a capacidade de criar algo novo, conforme complexas transações. Portanto, não é anormal que os sistemas educacionais preocupem-se com o desenvolvimento das competências correspondentes”(Meirieu).

Estamos falando, então, de uma outra escola, menos voltada para o interior do próprio sistema de ensino, diferente daquela na qual cada objeto de ensino esteja referido apenas ao momento seguinte da escolarização; menos centrada no acúmulo de informações para consumo no próprio sistema escolar; menos referida ao tempo futuro. Falamos de uma escola integradora, cuja referência é o que está fora de seus muros, em que a produção interna integra-se à produção da prática social e ao desenvolvimento pessoal; que reconhece a multiplicidade de agentes e fontes de informação e apropria-se deles integrando-os ao seu fazer; que tem como centro da sua produção a construção das  condições de busca, identificação, seleção, articulação e produção de conhecimentos para agir no e sobre o mundo; que integre os tempos, apropriando-se do passado para articular o futuro no presente. A construção destes esquemas de mobilização dos conhecimentos, das emoções e do fazer é a construção de competências.
Quanto ao uso das novas tecnologias da informação, como a  internet, a reportagem da Revista Veja exprime claramente como será o futuro.

  



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